Análise/REview | Resident Evil 4



Em 2005, Resident Evil 4 mudou o rumo dos games de ação apresentando mecânicas inéditas e a perspectiva da câmera sobre os ombros. Dezoito anos se passaram e a Capcom carrega o legado desse título com uma homenagem surpreendente em um remake de alta qualidade, cheio de surpresas, inovações, novas histórias e gráficos vividamente detalhados.

Graças a Capcom Brasil e sua assessoria de imprensa, o Resident Evil Project teve a oportunidade de jogar o game antecipadamente e participa da recepção especializada do título tão esperado de 2023. Fica aqui desde já o agradecimento pela cópia do jogo e seguimos para mais uma Análise/REview:


Análise por: Gabriel Scórsin

Testado no PlayStation 5


INTRODUÇÃO

Seis anos após os acontecimentos em Raccoon City, Leon S. Kennedy ainda guarda traumas da noite em que o policial morreu dentro de si. Após a catástrofe na cidade, ele saiu do status de "novato" para um agente especial do governo americano, ficando responsável pela segurança do presidente e de sua família. Depois de um duro treinamento, ele agora conta com várias habilidades para confrontar as mais diversas ameaças.


O pesadelo de Resident Evil 4 começa quando Ashley Graham, a filha do presidente, é sequestrada por um culto religioso até então pouco conhecido. Seguindo pistas de seu paradeiro, Leon chega a uma vila remota na região montanhosa de Valdelobos, na Espanha, onde descobre que a jovem está sendo mantida em cativeiro no local. Ao idealizar seu resgate, Leon confronta os aldeões que são extremamente intolerantes a qualquer forasteiro e seguem fielmente uma religião conhecida como "Los Illuminados", que se utilizam de um certo recurso para criar armas biológicas e diversos monstros.

O título que definiu uma geração nos games está de volta. Resident Evil 4 é um remake do clássico de 2005 que traz uma série de inovações para a gameplay e um enredo reimaginado.



FIDELIDADE À OBRA ORIGINAL

Para começar a análise, preciso informar que em comparação ao último remake da franquia, Resident Evil 4 é bem fiel à obra de 2005, o que me agradou bastante e trouxe doses de nostalgia ao longo da jornada. Como era de se esperar, alguns momentos do jogo foram modificados, houve corte de conteúdos, adição de novos elementos, mas nenhuma mudança tão radical como o que vimos em Resident Evil 3.


Ser fiel a obra original também não significa ser uma cópia dela. O remake guarda diversas surpresas, até mesmo para aqueles jogadores que lembram de todo o percurso do game original. Eu mesmo zerei diversas vezes o Resident Evil 4 clássico para lembrar de cada detalhe e avaliar o remake da melhor forma. Mesmo tendo uma ideia do que eu podia esperar a cada local que visitava, me surpreendi com cenas inéditas, novos ataques inimigos, mais arquivos e outros fatos sobre a história do game. Ou seja, ao mesmo tempo que Resident Evil 4 se mantém fiel ao original, ele também segura um elemento surpresa, capaz de impressionar o jogador diversas vezes.

No entanto, devo já informar que o remake cortou alguns conteúdos do game clássico — sendo uns que eu julgava muito importante — além de alterar fatos narrativos de outros games mais antigos, que geram furos no enredo da série. Alguns personagens muito presentes no original não marcam tanta presença no remake, houve corte de um inimigo e o trecho do Castelo Salazar é o mais diferente do original em comparação com a Vila e a Ilha. Então se você esperava um remake extremamente fiel como o do primeiro Resident Evil, não vai ser por esse caminho. Agora, se você esperava por um remake fiel contando com alterações como Resident Evil 2, vai suprir suas expectativas.



Mesmo com alterações e alguns cortes, me arrisco a dizer que comparando os remakes de RE2, RE3 e RE4, esse é o mais fiel. O trecho do vilarejo é o que mais me deixou fascinado e contente com o cuidado à fidelidade e consequentemente foi o mais nostálgico para mim. A atmosfera, o mapa, inimigos, falas e cenas foram adaptadas de uma forma bem divertida e um tanto emocionante. Algumas cenas chegam a pegar as mesmas jogadas de câmera das cutscenes do clássico. Já o Castelo Salazar conta com diversas mudanças, mas ainda sim traz lembranças com algumas áreas em que o jogador reconhece do mapa original. Por último, o trecho da Ilha possui partes e cenários bem fieis, enquanto outras são completamente diferentes.



JOGABILIDADE

Tão aclamada e revolucionária em 2005, a jogabilidade de Resident Evil 4 retorna de um jeito bem fiel e ainda maior no remake. Apesar de algumas diferenças em parte de exploração, personalização e combate, senti bastante a presença em espírito do RE4 original. Os Ganados possuem mais formas de atacar, Leon pode desferir diferentes golpes e finalizar os inimigos com a faca, carrega consigo um bom repertório de armas que consegue com o Mercador, explora os mapas em busca de recursos para aprimorar seu arsenal e por aí vai. De uma forma geral, os elementos mais importantes da gameplay de Resident Evil 4 estão bem presentes no remake.


Mas a reimaginação vai um pouco além, trazendo mecânicas inéditas e permitindo uma experiência nova e familiar ao mesmo tempo. A grande novidade fica por conta do sistema de "parry", ou seja, Leon podendo aparar ataques inimigos com sua faca. No entanto, tanto a faca principal de Leon quanto as facas que o jogador encontra em exploração, possuem uma durabilidade e é preciso usar esses itens com cautela, somente quando for necessário. Vai por mim, você não vai querer ficar sem uma faca durante o jogo. Leon fica bem mais vulnerável e é mais provável que a tela de Game Over apareça.

Uma outra novidade é a possibilidade do jogador personalizar sua maleta que garante efeitos diversos ao trocar a cor dela ou pendurar amuletos que os fãs com certeza vão se lembrar de onde a Capcom se inspirou para fazê-los. Como você consegue esses amuletos? É uma grande surpresa, mas tenho certeza que parte dos fãs vai adorar e outra parte vai odiar.


Uma outra novidade para a gameplay é o sistema de trocas que está casado com as side-quests que o jogador encontra ao meio do caminho. Você poderá cumprir diferentes objetivos opcionais ao longo da jornada de Leon que lhe garantem espinélios, aquele tesouro tão comum de se encontrar no Resident Evil 4 original. Mas aqui ele é usado para ser trocado por itens especiais, oferecidos por um sujeito muito querido.


JOGABILIDADE / MERCADOR E EXPLORAÇÃO

Falando em tesouros, side-quests, espinélios e bens raros à venda, não tem como não falarmos um pouco sobre o Mercador, uma figura tão icônica dos games que retorna para auxiliar Leon em sua jornada. Assim como no original, ele é uma peça importantíssima para a sua sobrevivência na primeira jogada, garantindo que você obtenha novas armas, melhorias e reparando sua faca — que, como já dito antes, é um item de extrema importância nesse jogo.


Sem entrar muito em detalhes, o Mercador continua icônico e você pode resgatar boas memórias a cada momento que for se encontrar com ele, já que o personagem diz várias falas clássicas do game original e que dão aquele quentinho no coração. Se você jogar em inglês, principalmente, vai perceber que ele usa entonação e sotaque parecidos com a voz do original, o que pra mim foi um ponto positivo e nostálgico.



O Mercador garante um bom repertório de armas e você também pode esperar por muitas das armas que você jogava no original em sua loja, algumas respeitando até mesmo as melhorias de exclusividade do game clássico. Mas para isso, antes você precisa de dinheiro e tesouros, o que nos faz entrar agora na seção da Exploração.

O último lançamento, Resident Evil Village, colocava Ethan Winters ao meio de um mapa cheio de tesouros perdidos no vilarejo. Conforme você pegava mais chaves e itens especiais, podia abrir mais caminhos na vila e retornar a algumas áreas para pegá-los. Em Resident Evil 4, ao meu ver, a exploração ficou ainda mais divertida com um mapa maior, mais tesouros para procurar e estratégias para aumentar os valores.


Diferentemente do Resident Evil 4 clássico e de Resident Evil Village, aqui combinar os tesouros de qualquer forma não vai necessariamente aumentar tanto o valor. Há diferentes formas de personalizar os tesouros e um sistema de valores é apresentado no game para você ficar atento a isso. Então até a forma de aumentar o seu dinheiro precisa de uma certa estratégia por parte do jogador.


Em determinados momentos do game, Leon pode deixar a missão principal esperando por alguns minutos para visitar diferentes áreas do mapa, já com novas chaves e itens que dão acesso a locais que antes estavam bloqueados, assim conseguindo dinheiro, tesouros e recursos em geral. Algumas áreas inclusive é necessário da ajuda de Ashley! Então, os mapas do game estão lotados de tesouros e segredos, cabendo ao jogador explorar ao máximo de diferentes formas, garantindo uma experiência mais duradoura e um fator replay mais interessante.


JOGABILIDADE / COMBATE E INIMIGOS

Muito se perguntou se Resident Evil 4 Remake acabaria sendo um game "muito fácil" por implementar sistema de parry, personalização de maleta, golpes e mais. Apesar de que isso vai depender de jogador a jogador, ao meu ver o remake tem uma dificuldade moderada. Diversas vezes fiquei praticamente zerado de munição, sem facas e ervas, o que me levou a escolher a fuga para continuar a jornada. Outras vezes, estava lotado de recursos e conseguia acabar com os inimigos de um jeito bem fácil.


A dificuldade varia de trecho para trecho e de jogador para jogador. Mas pelo menos na minha experiência foi bem satisfatória e gostava bastante dos momentos de luta contra os monstros. Também posso dizer que a tela de Game Over foi preenchida algumas vezes ao longo da minha primeira jogada.


Os inimigos tem movimentos e ataques bem semelhantes ao game clássico, isso inclui todos, desde os Ganados até os chefes. Por um lado, eu até sabia o que podia esperar de cada um e como combatê-los. Por outro, acabei sendo surpreendido por novas formas de ataques e aparições diferentes das criaturas. Acho válido informar também que a Capcom colocou uma boa variedade de inimigos que vemos no clássico. Não posso confirmar os monstros que você encontrará ao meio do caminho, apenas dizer que você pode esperar por diversas figuras macabras do Resident Evil 4 original neste aqui.


JOGABILIDADE / LUTAS DE BOSS

Se me perguntarem: o que você mais gostou da gameplay de Resident Evil 4 Remake? Sem pensar duas vezes, eu digo: as lutas de boss (chefes)! Não posso dizer como elas foram refeitas e entrar em detalhes, um pedido feito pela assessoria da Capcom. Mas também não tinha como eu não criar um tópico só para destacar essas batalhas!


O que posso dizer por enquanto é que elas são muito divertidas, algumas tão fieis que te levam para um mar de nostalgia e outras mais diferentes que me deixaram boquiaberto. Esperem para sequências super legais, desafiadoras e nostálgicas ao meio da experiência!


GRÁFICOS

O que uma RE Engine não faz? Assim como os recentes títulos da franquia, Resident Evil 4 é visualmente lindo, com gráficos realistas e designs detalhados. Nesse jogo, a Capcom também fez um ótimo trabalho de iluminação, garantindo efeitos visuais maravilhosos pelos elementos que compõem o jogo.


Voltando a falar rapidamente sobre a fidelidade, os cenários estão magníficos e alguns do Resident Evil 4 clássico foram completamente reconstruídos com uma riqueza de detalhes impressionante. O mapa que mais mudou foi o Castelo Salazar, talvez para se alinhar à proposta de fazer algo mais aterrorizante, já que o castelo do original é bem iluminado e claro. No remake, a atmosfera macabra com uma arquitetura gótica colocará o jogador em um certo sufoco — o que é bom! A única coisa que me incomodou neste trecho foram cortes de alguns momentos e áreas que particularmente queria ter visto no remake.


Os designs dos personagens e inimigos também me surpreendeu bastante. Algumas figuras estão um tanto diferentes de suas versões do Resident Evil 4 original, mas nada que estrague sua experiência nostálgica. Eu inclusive preciso parabenizar a Capcom pelos designs dos inimigos, que estão muito fieis e contam com um pequeno toque de realismo e gore.


TRILHA SONORA E DESIGN DE SOM

Muitas vezes, nem prestamos muita atenção a efeitos sonoros ou à trilha sonora, mas são pontos fundamentais e devem ser bem trabalhados em qualquer obra audiovisual. Assim como em Resident Evil 2 e Resident Evil 3, a trilha sonora de Resident Evil 4 resgata melodias familiares para te envolver no game e acessar memórias afetivas com o título.


Você também pode identificar vários efeitos sonoros clássicos, alguns retirados diretamente do Resident Evil 4 original, que colaboram para a nostalgia e também para a sua imersão. Os sons de ambientação também são bem detalhados e ajudam bastante na imersão do jogador, principalmente nos momentos mais assustadores.


MAIS ASSUSTADOR QUE O ORIGINAL?

Falando em momentos assustadores, será que é verdade as colocações dos produtores sobre o Resident Evil 4 Remake ser um pouco mais voltado ao terror comparado ao clássico? Sim, é verdade! Mas não espere que 100% do jogo será terror. Ainda existem partes que são repletas de tiros, explosões, lutas e correria. O que a Capcom quis dizer é que o jogo teria uma atmosfera de terror mais trabalhada e momentos em que deixariam o jogador aterrorizado.


Existem alguns trechos do game que são macabros, não apenas pela atmosfera do local, mas pelo sentimento de ser bem pequeno em relação às ameaças que vagam por ali. Como não coloquei tanta expectativa em todo esse terror, acabei sendo pego de surpresa em diversas partes do jogo e levei vários sustos ao longo da minha jogada. Certamente, é mais assustador que o original, mas não é, de fato, um game focado só no terror, tenha isso em mente!


ENREDO

Chegamos agora no momento de falar sobre a história de Resident Evil 4 Remake. Como já dito antes, houveram diversas mudanças no enredo, mas nada que prejudique sua experiência e a torne ruim. Ainda assim, aqueles muito apegados ao clássico ou que valorizam bastante a lore, podem se decepcionar com alguns pontos e se impressionar com outros.

O mesmo tratamento que Resident Evil 2 teve em seu enredo aplica-se aqui — mas claro, não existem "mundos paralelos" dessa vez, por ser apenas uma campanha. Percebe-se uma construção mais detalhada e desenvolvida da história principal, explorando mais o psicológico de Leon, Ashley e demais personagens. A relação dos protagonistas, inclusive, é muito boa e consegui sentir uma boa mudança desde suas primeiras aparições até o final. Dessa forma, há momentos emocionantes e o foco do enredo está no desenvolvimento das personagens.


O grande problema fica por conta da subtrama não tão desenvolvida. Isso não quer dizer que ela é ruim ou muito fraca, apenas de que poderia ser melhor. Na verdade, o remake traz alguns pontos de subtrama e conexões com outros jogos super legais! Os fãs da lore com certeza vão curtir. Já outras, eles alteram fatos da série ou simplesmente mudam eventos do Resident Evil 4 original que não tinha necessidade.

Há também um pequeno problema em alguns momentos em que parece faltar cutscenes, onde o que ocorre na gameplay não está bem justificado. Quem jogou o Resident Evil 4 original saberá muito bem os motivos dos acontecimentos de cada pedaço da jornada, mas quem irá presenciar essa experiência pela primeira vez, pode se sentir confuso com algumas partes e na história em si.



Outro ponto importante é a participação das personagens na trama. Algumas tem muito mais participação e são bem mais desenvolvidas do que no original. Já outras, tinham uma baita presença no clássico e no remake tem uma pequena participação. Um desses casos era inclusive com uma figura que eu gostava demais no original e fiquei bem chateado por vê-lo por pouquíssimo tempo durante o remake. Sem dúvidas, foi o que mais me decepcionou no jogo.


Em relação às conexões com os outros jogos, parece que a Capcom esteve tentando interligar os games da franquia nos últimos anos, a exemplo das inúmeras ligações entre Resident Evil 2 e Resident Evil 3 ou a trama de Resident Evil Village relacionada a Mãe Miranda e Spencer. Aqui em Resident Evil 4, eles abordam mais algumas conexões que, como dito, umas são legais, outras não. Ao tentarem justificar e explicar eventos de outros jogos, eles alteram bastante a lore e fica a pergunta: será que a Capcom não sabia da própria trama ou foi intencional? E mesmo sendo intencional, será que futuramente devemos receber conteúdos futuros para desenvolver isso e presenciar tais mudanças?


ENREDO / PERSONAGENS

Seis anos após o incidente em Raccoon City, muita coisa aconteceu na vida de Leon S. Kennedy e é incrível ver a transformação do personagem de Resident Evil 2 para Resident Evil 4. O agente amadureceu, está mais sério, menos ingênuo, mais destemido e muito mais habilidoso. Ainda tira sarro com sua ironia clássica em certas situações e é bonzinho demais para alguns momentos, mas você definitivamente perceberá a transformação desse personagem. A exploração de seu psicológico e toda a sua desenvoltura acerca do trabalho foram pontos hiperpositivos para mim. Falo facilmente que prefiro a personalidade de Leon no remake se comparado ao clássico.


Ashley Graham é outra personagem a qual prefiro sua versão de 2023 do que a clássica. Ela continua gritando por socorro, precisa de ajuda para várias tarefas e sua IA de vez em quando pode vacilar, mas esse cuidado com a filha do presidente faz parte da experiência de Resident Evil 4 e alterar ao ponto de tornar Ashley uma "Ellie" não faria algum sentido. A jovem continua sendo um tanto mimada, mas está bem mais corajosa e é capaz de lidar com ameaças sozinha em algumas partes — com medo, claro, mas consegue! Sua força de vontade em querer fugir dos Los Illuminados e de ajudar Leon permitem que ela descubra um lado forte em si que até então ela desconhecia. Para todos que a taxavam como uma simples "donzela em perigo", vão se impressionar com várias ações de Ashley durante o jogo.


Ainda sobre Leon e Ashley, preciso também dizer que os dois criam um laço muito bonito ao longo da trama. Nada romântico — ainda bem — mas uma relação muito grande e inspiradora de cuidado, que me aproximou bastante deles. Era algo que sentia meio rígido no Resident Evil 4 original, que me incomodava até quando Leon fazia piadas com a cara da jovem ou não demonstrava tanta preocupação quando ela era capturada em cutscenes.


Passando para outra grande estrela do remake, Luis Serra foi uma das grandes surpresas para mim. Me apeguei muito mais ao personagem que teve sua história expandida e guarda novos mistérios a serem desvendados pelo jogador. Ele volta mais carismático, divertido e com interações bem legais com Leon. Se você já gostava de Luis no original, pode apostar que vai amá-lo no remake. E se você nunca gostou de Luis, talvez passe a gostar.


Ada Wong já é um pequeno problema. Suas cenas no remake são excelentes e vibrantes, a ponto de me deixar "surtando" a cada aparição sua. Mas senti falta de mais conteúdo para ela, pelo menos na campanha principal. Não é segredo para ninguém que Ada é uma peça fundamental no Resident Evil 4 original e que o marketing do remake guardou tantos mistérios sobre ela. Em resumo, Ada tem cenas belíssimas e empolgantes, ela está incrível no remake, mas certamente merecia mais conteúdo. É aquele caso de "estava tão bom que queria mais".


Falar dos outros personagens poderia entregar bastante sobre a trama, então por ser uma análise sem spoilers, prefiro parar por aqui. Em um sentido geral, os personagens foram bem trabalhados. Porém, alguns mereciam mais participação ou mais foco para certos trechos.


ELENCO ORIGINAL E DUBLAGEM PT-BR

Particularmente, estou muito acostumado a jogar Resident Evil em inglês. Por essa razão, minha primeira jogada foi legendado. Mas logo após terminar o game, comecei a campanha novamente, dessa vez dublada, focando na avaliação do elenco brasileiro e em outros pontos de gameplay. Assim como em Resident Evil Village, a localização e dublagem brasileira está excelente, com as vozes combinando direitinho no papel de cada personagem. É um ponto muito positivo e que deve ser destacado para a Capcom Brasil, que permanece tendo todo o cuidado na hora de escolher os melhores atores.


Em relação ao elenco original, também me surpreendi bastante. Além de dubladores, também fizeram a captura de movimentos e merecem muitos parabéns por suas performances. Tanto legendado quanto dublado, o game oferece uma experiência excelente. Recomendo jogar das duas formas, principalmente em inglês porque muitas das falas do Resident Evil 4 clássico estão presentes no remake e colaboram com aquela dose de nostalgia.


RECURSOS DO PLAYSTATION 5

Até então, foi o melhor Resident Evil a usar as propriedades do PlayStation 5. O DualSense me permitiu ter uma imersão ainda maior com o feedback háptico. As vibrações mudam de acordo com o cenário ou momento que você está no game. Os passos de Leon são sentidos no controle, algumas ações como desferir golpes e ataques furtivos também garantem sensações em suas mãos, além do gatilho adaptável que muda diversas vezes ao longo do jogo de acordo com armas ou outros recursos como a exploração no barco.


RESUMÃO

Um dos maiores títulos da história dos videogames retorna de maneira surpreendente, emocionante e nostálgica. Resident Evil 4 não apenas evolui a jogabilidade e os visuais do clássico de 2005 como também oferece aos fãs uma nova jornada repleta de desafios, sustos, exploração e muito entretenimento. Apesar de alguns cortes e alterações no game, a experiência permanece sendo muito divertida e indispensável para qualquer fã da franquia.


Qualquer jogador que tenha memórias afetivas com o quarto título ou que o considere como um de seus jogos preferidos vai com certeza se emocionar e vibrar com o retorno dessa lenda. Já para aqueles que não gostavam da experiência do game clássico, podem acabar curtindo o remake, que traz uma série de novidades, tanto na gameplay quanto no enredo.

Mesmo sentindo falta de alguns detalhes do clássico e de oportunidades perdidas, nada irá prejudicar a sua experiência cheia de diversão e nostalgia nesse excelente remake de Resident Evil 4.