THE CAPCOM PROJECT | Análise/REview: Devil May Cry 5



Foram anos de espera por um novo capítulo de Devil May Cry e em 2018, a Capcom decidiu anunciar o quinto jogo da série na E3 com um trailer eletrizante e emocionante ao som da incrível música Devil Trigger de Casey Edwards e Ali Edwards. Lançado em 8 de março de 2019, o jogo foi considerado um grande sucesso por uma série de análises com notas altíssimas. E aqui em nossa coluna especial a jogos da Capcom, não vai ser diferente.


INTRODUÇÃO

Para falar a verdade, eu nunca fui um fã hardcore de Devil May Cry. Havia jogado já alguns jogos da série, já era muito fã do Nero, gostava bastante do conceito do primeiro jogo, especialmente porque Resident Evil 4 antes seria o primeiro Devil May Cry. Entretanto, confesso que o quinto título atendeu e ultrapassou todas as minhas expectativas. O jogo se passa em Red Grave City sendo protagonizado por Nero, V e Dante a procura de derrotar o Demônio-Rei, Urizen.


O começo do jogo já nos passa uma boa percepção de como a RE Engine, utilizada também em Resident Evil 7 e Resident Evil 2, consegue criar cenários realísticos e com uma grande riqueza de detalhes. Não só os cenários, mas também a construção dos personagens passa uma imagem ultra-realística, capaz de mostrar em detalhes suas gesticulações e movimentos. Em quesito de história, nesse mesmo começo, vemos nossos personagens tão queridos sendo derrotados por Urizen, o que já cria um conflito nos corações dos fãs. Entretanto, o jogo continua seguido de uma abertura que, particularmente, é a minha cena favorita da história dos games, ao som de Devil Trigger, e após isso, batalhas/momentos incríveis.

Essa cena de abertura é simplesmente PERFEITA!



GRÁFICOS

Como dito anteriormente, a RE Engine é capaz de criar elementos realísticos. Não há o que reclamar dos gráficos, mesmo boa parte do jogo utilizando cenários imaginários e fantasiosos. É difícil pensar em uma Qliphot no mundo real ou até mesmo em séries de demônios com poderes surpreendentes. Mas isso não é problema para essa nova tecnologia da Capcom. Me senti muito confortável vendo a beleza de detalhes em todos os cantos das localidades e até mesmo dos personagens. O jogo também é muito colorido, com poucos contrastes e uma saturação adequada, o que traz um conforto e mais admiração por parte dos jogadores e auxilia a jogar prestando atenção em tudo.



JOGABILIDADE

Sempre tive um certo problema em jogabilidade com Devil May Cry. Não que a jogabilidade dos outros jogos fosse ruim, porém nunca tive muito conforto controlando os personagens nos outros jogos. E também nunca tinha conseguido fazer tantos combos, eu simplesmente apertava os botões aleatoriamente nos jogos anteriores e via meu personagem fazendo o que bem quisesse.


Mas em Devil May Cry 5, a jogabilidade segue mais fluida e confortável. Os movimentos dos personagens não são duros e é possível realizar comandos diferentes ao mesmo tempo. Por exemplo, com Nero, ao mesmo tempo que você recarrega a Blue Rose, você pode carregar o ataque EX da Red Queen ou atacar com a espada. Não bastando isso, os combos de todos os personagens e suas mecânicas oferecem batalhas muito bem elaboradas.


Particularmente, prefiro jogar com Nero, uma vez que tenho mais proximidade com o personagem (sim, ele é meu preferido) e o que sinto mais confortável para jogar. Com Nero, além da Red Queen e da ótima, desde que carregada, Blue Rose, podemos explorar diversos golpes diferentes com os Devil Breakers, braços mecânicos criados por Nico para auxiliar no combate aos demônios, uma vez que Nero perde seu Devil Bringer por "Urizen". O meu preferido é o Punch Line! Não tem algo melhor do que, no meio da batalha, você lançar um braço para ficar atrapalhando os inimigos e depois montar em cima dele e dar uma voltinha de surf pelo campo de batalha e explodir no meio dos inimigos para aumentar o seu rank. Mas não só de Punch Line vive Nero. O jogo oferece uma série de Devil Breakers especiais, cada um com uma habilidade diferente, para que você possa presenciar os melhores golpes.


Dante segue uma jogabilidade parecida com a dos jogos passados. O personagem que menos curto jogar é com ele por ele ter uma grande variedade de golpes e eu ficar bem confuso com isso. Mas devo admitir que treinando, ele é de longe o personagem para a gameplay mais eficiente. O que me deixou um pouco decepcionado com Dante dessa vez foi a falta de poder de Ebony & Ivory, já que essas armas preciosas eram minhas preferidas nos últimos jogos. Em Devil May Cry 5 elas podem ser bem eficientes contra apenas alguns inimigos, pois elas não tiram muito dano. O melhor da jogabilidade de Dante é poder mudar suas variações de ataques de forma bem mais ágil que pode lhe ajudar a aumentar seu rank para "SMOKIN' SEXY STYLE!" de forma bem rápida. E o que deixa a gameplay de Dante ainda mais surpreendente é, após a Missão 12, o Sin Devil Trigger ficar disponível.


E V, sendo um personagem (mais ou menos) novo, tem também uma gameplay super eficiente e muito divertida. V usa Shadow e Griffon para realizar ataques contra os inimigos. A primeira vez que joguei com ele, na Missão 4, não tinha curtido muito. Mas depois que peguei a manhã e fui melhorando as habilidades com os Red Orbs, V é a escolha perfeita para quando você quer relaxar, ouvir sua música de boas e tirar um Rank S tranquilo. Uma pequena concentração nos combos de seus pets podem criar combos muito bons. E seu Devil Trigger? Ative-o quando tiver muitos inimigos. Algo incrível chegará ao campo de batalha e logo depois você deve ouvir algo assim: "SAVAGE!" - "SICK SKILLS!" - "SMOKIN' SEXY STYLE!!!".


A jogabilidade desses três personagens fazem com que Devil May Cry 5 fique ainda mais divertido de se jogar.


SOM E TRILHA SONORA

Não tem como eu fazer uma análise sem citar que DEVIL TRIGGER é a música mais eletrizante e incrível que já ouvi na minha vida. Mas não é só de Devil Trigger que Devil May Cry 5 vive, tá legal? As músicas Crimson Cloud e Subhuman, essa última de Cody Matthew Johnson que também fez "Saudade" de Resident Evil 2, também fazem das batalhas ficarem bem mais incríveis. Diferentemente dos jogos antecessores, as músicas são dinâmicas, um ponto super positivo porque conforme seu Rank vai aumentando, a música vai mudando e isso encaixa-se perfeitamente na forma de como a trilha sonora auxilia o jogador a se envolver ainda mais com o jogo.


Pegando o exemplo de Devil Trigger, que posteriormente, eu mudei a música para tocar com todos os personagens, nos ranks D até B, a música fica em suas letras de apoio. Mas quando chega em "SAVAGE!", não há como não cantar: "All of these thoughts runnin' through my head; Arm on fire, veins burnin' red! Frustration is gettin' bigger! BANG BANG BANG! Pull my Devil Trigger!" - e conforme seu rank vai aumentando, a música permanece em sua parte mais eletrizante, criando mais dinamismo e paixão por jogar: "Embrace the darkness that's within meeeee; No hiding in the shadows anymoooreeee; When this wickedness consumes meeeee; Nothing can save you and there's no way oooouuut!"


Provavelmente, meus vizinhos me odeiam porque joguei o game no último volume e sempre cantava bem alto durante as batalhas! Além de Devil Trigger, Subhuman e Crimson Cloud, temos outras músicas que tocam em batalhas de bosses, durante exploração e em cutscenes. E é incrível como todas as músicas criam um clima de batalha/momentos épicos. Sem falar de Legacy que também tem uma letra muito bonita e condiz com o momento que Nero passa no jogo, tocando em uma cena emocionante que faz qualquer fã se arrepiar.


E para encerrar a parte de trilha sonora, também vale destacar que me emocionei na batalha final. Primeiramente, quando Nero ativa seu Devil Trigger, você verá uma cena única do melhor dedo do meio na história de dedos do meio e com ela, um remix de Devil Trigger (titulada como Silver Bullet). Mas durante a batalha, não há nenhum vocal, a princípio é só uma música para cobrir a batalha. Mas aí vai uma dica - guarde um pouco da barra de Devil Trigger! Quando o inimigo final ativar o Devil Trigger dele, tente fazer diversos combos e atordoá-lo. Uma vez atordoado, ative o seu Devil Trigger e faça o buster com o inimigo no chão. Nero fará uma animação, nesse momento a música irá reiniciar e logo logo você se arrepiará quando ouvir os vocais: "When the night ends it's not over! We fight through to get closer! Like a silver bullet piercing through! I throw myself into you!"


E enfim chegando a parte do som, também não há nada a reclamar. Os efeitos sonoros estão plausíveis e condizem exatamente com os movimentos e combos dos personagens. A ambientação faz com que o jogador se aproxime do jogo e se sinta na pele dos protagonistas. Em especial, os efeitos sonoros dos demônios estão demais. A Capcom escolheu bem os sons para cada elemento desse jogo.



HISTÓRIA

Com todos esses pontos positivos, será que a história irá decepcionar? Não! A história de Devil May Cry 5 também consegue superar as expectativas, com conspirações, reviravoltas e cenas de deixar o queixo caído. O destaque da história é Nero que ganhou um desenvolvimento bem melhor, onde podemos ver que o personagem dentro de si possui muito a falar. O jovem ganhou uma personalidade mais atraente e dinâmica, já que em Devil May Cry 4 era visto como um adolescente muito quieto, na dele e até um pouco mal-humorado. No quinto título, Nero consegue conciliar seus momentos de zueira com os momentos de cabeça-quente muito bem (por isso, eu me identifico tanto com ele). Mais coisas de seu passado são reveladas aqui e pelo enredo do jogo, os jogadores conseguem ver uma dimensão muito maior dele.


O enredo é construído com muitos mistérios e revelações. E como já dito, cenas de deixar o queixo caído, principalmente as que envolvem Dante e seu grande poder. V também consegue ser um personagem muito interessante que vai revelando seus mistérios aos poucos em cenas dramáticas e algumas até bem estilosas. Se você acha que V é apenas um tiozinho de bengala que fala poesia, você mal sabe o que esse cara é capaz de fazer. E o que falar então sobre as inúmeras referências dos jogos antigos nesse quinto título? Mundus, Vergil/Nelo Angelo, Ilha Mallet, são diversas menções aos primeiros games da série que apelam para a nostalgia.


O grande erro da história de Devil May Cry 5 é não utilizar com tanta frequência as heroínas Trish e Lady. Ambas estão mais como personagens de suporte, nem para gameplay, e sim para cutscenes, o que poderia ter sido melhorado colocando-as com maior participação.



RESUMÃO

Ao olhares de muitos, Devil May Cry 5 é um jogo excelente com alguns erros. E eu concordo com essa colocação. Mas a minha experiência jogando-o pela primeira vez e me surpreendendo com as cenas, a história e com as batalhas fizeram dele o meu jogo favorito de todos os tempos. Antes esse lugar era de Resident Evil 2 (1998). Mas percebi que toda vez que jogava-o, sempre havia algo diferente, algo que me animava muito mais e me arrepiava. Tudo é muito incrível em Devil May Cry 5 e não importa quantas vezes você jogar, você sempre vai achar ótimo! Cada jogatina é única e lhe faz presenciar momentos diversos. O jogador consegue se sentir na pele de Nero ou Dante ou V. A RE Engine em conjunto com o ótimo roteiro, trilha sonora e design de som conseguem criar um ambiente imersivo. Parabéns a Capcom por ter retornado com essa franquia do melhor jeito possível!


NOTA FINAL: 10/10