A DLC guarda diversas surpresas e muita diversão, sendo definitivamente uma experiência recomendada para todos os fãs da franquia. A seguir, irei reforçar essa ideia com impressões sobre a minha jornada em Separate Ways:
Análise por Gabriel Scórsin
Agradecimentos à Capcom Brasil pelo código de review da DLC
INTRODUÇÃO
Separate Ways se trata da reimaginação da campanha de mesmo nome do Resident Evil 4 original, onde acompanhamos a perspectiva de Ada Wong sobre os eventos do jogo, enquanto a espiã busca coletar uma amostra da Plaga Dominante (no remake, essa sendo chamada de "Âmbar") para Albert Wesker.
No game clássico, Separate Ways expandia a narrativa de Resident Evil 4 de uma forma extraordinária. Seu enredo não apenas ligou os acontecimentos do quarto título com Resident Evil 5, como também entregou diversos detalhes para aperfeiçoar a subtrama. Era através desta campanha, por exemplo, que tínhamos uma noção de como o Las Plagas agia no organismo humano e as teorias para o controle da variação Dominante à Subordinada. Sem falar dos estudos de Ada acerca dos personagens e acontecimentos da história.
No remake, Separate Ways chega com o mesmo intuito de expandir a narrativa e consegue muito bem fazer isso. Além da campanha principal ficar mais contextualizada, a jornada de Ada revela alguns fatos obscuros que estavam por trás dos panos e desenvolve novos arcos. Em termos de duração, é uma DLC grande, visto que a primeira jogada tem em torno de 5-6 horas e ainda adiciona skins, desafios e outros recursos para a reimaginação do clássico de 2005.
GAMEPLAY
Jogar com Ada Wong sempre foi uma experiência divertida e aqui não é diferente. A espiã possui um repertório de movimentos e golpes acrobáticos para dinamizar a gameplay. O destaque fica para a sua icônica Arma de Gancho que proporciona variações no combate. Ada pode usar o gancho para desferir golpes a distância e movimentos especiais contra chefes. Não sei se outros jogadores tiveram a mesma impressão, mas senti uma boa influência da gameplay de Ada em Resident Evil 6 nessa DLC. É como se as mecânicas da personagem no sexto título da série tivessem sido aprimoradas e proporcionado uma experiência ainda mais legal.
Diferentemente da campanha principal, Ada está bem limitada a recursos como personalização da maleta e compras com o Mercador. Por sua campanha ser um pouco mais curta, há menos tesouros e recursos, portanto o jogador pode traçar suas estratégias e usar o dinheiro sabiamente para escolher entre melhorias, compras de amuletos, aumento do espaço do inventário e mais.
MUITO CONTEÚDO DO ORIGINAL
Diversos conteúdos do Resident Evil 4 original, que não foram levados para a campanha de Leon, aparecem aqui. Alguns bem fieis e outros com aquele tratamento de reimaginação visto nos últimos remakes da franquia. Aliás, a maioria desses conteúdos, de fato, combinam mais com a campanha de Ada. E nenhum deles é usado de maneira exagerada ou extravagante. São basicamente homenagens para os fãs de carteirinha do game clássico.
Porém, Separate Ways também aposta em pegar esses conteúdos e combinar com fatos totalmente novos. O corredor de lasers, por exemplo, é usado sob um contexto completamente diferente e que com certeza vai surpreender muitos fãs. Outro exemplo é o combate contra um inimigo que existia no clássico, mas que nessa nova versão está totalmente diferente e até mais assustador, eu diria.
VISTA GROSSA NOS CENÁRIOS
Apesar dos inúmeros elogios à DLC, creio que um pequeno fato pode incomodar alguns fãs. Separate Ways obviamente envolve muitas áreas e localidades da campanha principal, mas que aqui se encontram diferentes. Uma parede que não deveria estar destruída ou um caminho que não deveria estar bloqueado pode acabar incomodando alguns fãs que exigem uma intercalação perfeita da história. Eu diria que a melhor coisa a se fazer é uma vista grossa, igualmente com que acontecia entre as versões clássicas de Resident Evil 2 e Resident Evil 3 Nemesis, por exemplo.
Em RE3, as portas da RPD estão todas bloqueadas com tábuas de madeira e é preciso lembrar que a primeira metade desse game se passa algumas horas antes de RE2, que já não mostra nenhum bloqueio nas portas. Pode parecer bobo, mas foi um fato que incomodou diversos fãs por muito tempo. Estamos lidando com a mesma coisa em Separate Ways. Mas deixo claro que não é nada que prejudique a experiência. Afinal, a Capcom alterou e bloqueou os caminhos e cenários da campanha principal para limitar o jogador e fazê-lo focar na jornada de Ada.
INTERCALAÇÃO BOA ENTRE AS HISTÓRIAS
Separate Ways se encaixa bem com a campanha de Leon. Não um encaixe perfeito, eu diria apenas bom. Quando digo que não é perfeito, me refiro a alguns momentos em que Ada parece resolver seus problemas rapidamente, enquanto temos a impressão que esse tempo não se encaixaria com os diversos desafios que Leon enfrenta.
Mas repito: não há nada aqui que prejudique a experiência narrativa ou que acabe gerando furos de enredo como visto em Resident Evil 2 Remake por exemplo. É apenas uma impressão sobre a noção de tempo das duas campanhas. Em geral, as duas se encaixam bem.
ENREDO
A DLC soma uma série de novos fatos para a narrativa e contextualiza bem melhor a história de Resident Evil 4. Apesar de sentir falta de algumas interações ou explicações que víamos no Separate Ways original, achei que a DLC conseguiu aperfeiçoar diversos pontos da campanha principal. Um grande destaque fica para o desenvolvimento de personagens como Luis Serra e Albert Wesker, que ganham novas cenas e arcos.
Ada Wong também passa por um processo de transformação ao longo da trama, o que é bem legal de se ver. Os eventos da campanha vão mexendo com ela, principalmente os que envolvem os planos desastrosos de seu patrão, e é possível perceber as mudanças da personagem e presenciar a sua evolução, justificando suas ações inesperadas ao final do game.
A nova variação do Las Plagas também ganha um pouco mais de contexto científico com arquivos que explicam melhor a espécie "superior", que estaria hierarquicamente entre a Subordinada e a Dominante. Sem falar nas histórias por trás de alguns monstros do game que acabam chocando o jogador. Tive a impressão de que apenas uma criatura não recebeu uma explicação boa o bastante para justificar certas habilidades que demonstra, mas também não é nada que me fez ficar decepcionado.
Também é preciso mencionar que a nova versão de Separate Ways é muito diferente do extra original. Há momentos aqui e ali que são diretamente adaptados, mas em um contexto geral, a história sofreu muitas mudanças. Então, não espere por uma campanha fiel, mas sim por uma experiência completamente nova e, ao meu ver, superior ao Separate Ways clássico.
A DLC também possui uma cena pós-créditos que me deixou boquiaberto. Aqui vai um conselho amigável: após zerar a campanha, espere os créditos passarem e preste bem atenção na cena, nos detalhes e principalmente na trilha sonora.
TRILHA SONORA
Falando em trilha sonora, não há como não mencionar o trabalho musical espetacular que a Capcom fez em Separate Ways. Não apenas canções do Resident Evil 4 clássico voltam de maneiras diferentes ou remixadas como também o tema clássico de Ada presente em Resident Evil 2, colaborando com aquela carga de nostalgia que tanto gostamos.
Músicas novas também cumprem bem o papel de dar a emoção certa para a história e gameplay. Se a trilha sonora do remake já estava ótima, agora ela está perfeita.
RESUMÃO
Separate Ways é uma DLC extraordinária que cumpre mais do que prometeu. A campanha de Ada possui uma duração muito boa, adiciona mais diversão, recursos e desafios para Resident Evil 4, além de uma narrativa que contextualiza bem a campanha principal, desenvolve mais seus personagens, expande o enredo clássico e ainda deixa ganchos para outros games da franquia. Com um trabalho esplêndido de gameplay dinâmica, storytelling e trilha sonora, a Capcom conseguiu fazer a versão definitiva de Separate Ways para Resident Evil 4.