Análise/REview | Dead Rising: Deluxe Remaster



Em 2006, Dead Rising tornou-se um clássico instantâneo ao convidar jogadores do mundo todo a desvendar o misterioso surto zumbi na pequena cidade de Willamette, sob a perspectiva do fotojornalista Frank West. Em um shopping center repleto de mortos-vivos, Frank pode usar qualquer objeto como arma para enfrentar as hordas de inimigos.

Com uma jogabilidade cômica sobreposta a uma narrativa repleta de reviravoltas e conspirações, Dead Rising conquistou os fãs com sua fórmula única e marcante. Dezoito anos se passaram e a Capcom revive esse clássico de forma impressionante, reconstruindo o jogo completamente e entregando a versão definitiva, que aprimora a jogabilidade e os controles sem perder a essência do original.

Análise por: Gabriel Scórsin

*Agradecimentos especiais à Capcom Brasil pelo código de review


INTRODUÇÃO

Antes de mais nada, é importante mencionar que este game poderia facilmente ser considerado um remake, em vez de um remaster. Porém, vejo que a Capcom está ciente de que acostumou os fãs a uma outra fórmula de remakes, com as recentes reimaginações de Resident Evil. Até o remake de 2002 do primeiro Resident Evil trouxe complementos significativos à história e uma experiência bem diferente da original de 1996.



Dead Rising Deluxe Remaster foi completamente reconstruído: novas dublagens, gráficos ultra-realistas com a RE Engine, modelos de personagens e itens detalhados, controles modernos e diversas outras melhorias. No entanto, a história, o enredo, as cenas e os diálogos permanecem os mesmos (com pequenas diferenças nas entonações). A jornada de Frank é a mesma de 2006. Poderíamos até chamá-lo de um remake ao estilo de The Last of Us: Part I. Mas, como disse, a Capcom sabe que criou outra expectativa para o conceito de "remake", e por isso optou por chamar de Deluxe Remaster. Sinceramente, gostei dessa escolha.

Dito isso, vamos nos referir a ele como Deluxe Remaster e analisar os aprimoramentos de jogabilidade e técnica, já que a narrativa permanece inalterada (o que não é ruim, dado que a história do primeiro Dead Rising é envolvente e bem construída).



GRÁFICOS ULTRA-REALISTAS

A RE Engine continua surpreendendo com cada novo jogo da Capcom. Todos os personagens de Dead Rising, desde os protagonistas até os sobreviventes menos relevantes, foram completamente remodelados, respeitando suas aparências originais de 2006. Isso trouxe uma boa dose de nostalgia, já que fazia muito tempo que eu não jogava o primeiro Dead Rising, mas ainda lembrava de alguns rostos e situações, que foram resgatados na minha memória durante o jogo.



Os personagens principais estão incrivelmente detalhados e expressivos. Frank West e Isabela Keyes nunca pareceram tão realistas, com Frank ganhando um toque extra de autenticidade devido às suas "entradas" no cabelo, condizentes com sua idade.

O shopping center de Willamette também foi completamente reconstruído com uma riqueza de detalhes impressionante. Cada loja apresenta elementos que enriquecem a imersão, como cartazes de liquidação, cardápios, preços, fotos e murais. É como se você realmente estivesse caminhando por um shopping — mas infestado de zumbis, claro.



Falando em zumbis, todos os inimigos também foram refeitos. Muitos dos modelos das cutscenes me lembraram os zumbis das reimaginações de Resident Evil 2 e Resident Evil 3. Embora não possa garantir, não ficaria surpreso se a Capcom tivesse aproveitado alguns desses modelos para Dead Rising. Além disso, há uma boa variedade de zumbis no in-game, todos bem fieis aos modelos da obra de 2006, apesar de, em alguns momentos, ver "gêmeos zumbis" vagando juntos pelo shopping — algo que, na verdade, combinou com o tom cômico do jogo.

Minha única ressalva com os gráficos é a iluminação. Em certos momentos, especialmente no final da tarde e à noite, algumas áreas ficam muito escuras, principalmente no pátio externo do shopping. Isso me incomodou durante a jogabilidade, e precisei ajustar o brilho em alguns momentos.



ÁUDIO E DIÁLOGOS

Este Deluxe Remaster não se destaca apenas pelos gráficos, mas também pela experiência sonora. A Capcom continua aprimorando o áudio em seus jogos, e aqui não é diferente.

Para começar, os sobreviventes agora têm falas! Não são mais apenas gritos ou palavras soltas acompanhadas de caixas de diálogo. Todos os sobreviventes se comunicam com Frank durante todo o processo de escolta até a Sala de Segurança. Enquanto caminham, eles avisam Frank sobre itens especiais, alimentos e até pontos de interesse para tirar fotos, que são marcados no mapa do jogador. Até Otis Washington, que orienta Frank via rádio, ganhou voz.



Isso foi, sem dúvida, uma das melhorias que mais gostei. Não só me senti mais imerso, como também foi mais fácil simpatizar com os personagens. No original, eu nem sempre gostava de ler as caixas de diálogo e, às vezes, acabava passando direto por elas. No Deluxe Remaster, isso não foi um problema. Apenas aproveitei mais a experiência.

Nas cutscenes, como mencionado antes, há pequenas diferenças nas entonações e timbres dos personagens, devido às mudanças no elenco de dublagem. Mas, em essência, as cenas continuam as mesmas — só que mais bonitas e detalhadas.



Em termos de ambientação sonora, a Capcom fez um ótimo trabalho para intensificar a imersão. Minha única crítica aqui vai para as músicas de DLC, que às vezes pareciam baixas demais. Seria interessante se houvesse uma opção para criar uma lista de músicas em vez de ouvir uma única faixa em loop.

Os fãs do original também vão se sentir em casa ao ouvir os clássicos efeitos sonoros nesta nova versão. Mantê-los foi uma decisão nostálgica que aquece o coração dos fãs de longa data.



CONTROLES MODERNOS E COMBATE

Apesar de o jogo ter uma opção de controles parecidos com os do original, a experiência com os controles modernos foi incrível. Agora, Frank pode andar enquanto mira suas armas, algo que não era possível em 2006.



As habilidades que Frank adquire ao somar PP’s (Pontos de Prestígio) também ficaram mais fáceis de executar. No original, algumas ações eram difíceis de realizar, o que prejudicava a experiência. No Deluxe Remaster, foi bem mais divertido realizar movimentos acrobáticos e ataques poderosos nos zumbis.

Mesmo com os controles modernos, não pense que o Deluxe Remaster facilita o jogo. A movimentação está mais fluida, mas os zumbis parecem mais rápidos e ágeis, o que adiciona um nível de desafio interessante.



INTERFACE

A interface do jogo foi completamente atualizada, com ícones mais bonitos e uma navegação muito mais intuitiva. Agora é possível organizar suas prioridades no mapa, o que facilita bastante a exploração. O jogador também pode acompanhar o nível de resistência de suas armas no canto superior direito, o que auxilia bastante nas estratégias de combate.



A interface do menu também está bem mais organizada e moderna, me permitindo ver a lista de sobreviventes de uma forma mais ampla, fotos de pontos de interesse do shopping e ainda todo o perfil de Frank, mostrando suas habilidades desbloqueadas, quantidade de PP's ganhos e até a quantia que falta para atingir o próximo nível.




CONTEÚDO BÔNUS

A Capcom nos enviou também o pacote com todos os trajes bônus do jogo. E isso deixou a minha experiência muito mais divertida e interessante. Muitas das roupas extras são inspiradas em personagens do Universo Capcom, assim como fizeram em Dead Rising 4 com o modo "Capcom Heroes".



Foi difícil escolher apenas um traje e seguir a história com ele. Minha maior diversão quando voltava à Sala de Segurança era ir no armário azul e mudar a aparência de Frank. Teve Licker dirigindo um carro, Nemesis dirigindo moto, Ashley West salvando sobreviventes, Dr. Salvador usando motoserra pra matar psicopatas e por aí vai. Mas o destaque mesmo, para mim claro, foi o traje de Chris Redfield para Frank. Foi a roupa que olhei e falei "Ok. Chega de zoeira e vamos adiante na história com essa roupa".



Caso você seja um grande fã do Universo Capcom, não há motivos para não adquirir esses trajes bônus e se aventurar em Willamette como seus personagens favoritos.




VALE A PENA?

Dead Rising Deluxe Remaster entrega um outro nível de remasterização que a Capcom pode muito bem aproveitar para outros jogos de suas franquias - já esperando por Dead Rising 2 Deluxe Remaster também! Assim como a obra de 2006, entrega uma experiência única de game de zumbi, misturando o tom cômico com a brutalidade e um drama narrativo, porém bem mais envolvente e imersivo.

A imersão não se dá apenas por gráficos ultra-realistas, mas também por uma série de aprimoramentos técnicos que deixam a jornada de Frank bem mais intrigante e divertida de passar, com destaque às novas dublagens dos NPCs e controles modernos.

É recomendado a qualquer fã da franquia Dead Rising ou de games de zumbi. Mas é preciso ter em mente que o game possui exatamente o mesmo enredo, com diferenças bem sutis em uma cutscene ou outra. Mesmo assim, parece ser um game bem diferente e melhor que a obra de 2006.

Vale a pena! Nos vemos em Willamette! 📸