Análise/REview | Beta fechada de Resident Evil Re:Verse


Anunciado na Resident Evil Showcase ocorrida em 21 de janeiro, Resident Evil Re:Verse é o novo multiplayer da franquia que vem junto a Resident Evil Village no dia 7 de maio de 2021. A Capcom promoveu uma beta fechada e selecionou Ambassadors ao redor do mundo para participarem e experimentarem o novo game da franquia. Felizmente, fui selecionado e consegui jogar bastante o jogo analisando seus elementos, mecânicas e potencial. Então, vamos para mais uma Análise/REview:

Análise por: Gabriel Scórsin
Testado em: PlayStation 4


INTRODUÇÃO

Resident Evil Re:Verse faz parte da comemoração de 25 anos da franquia Resident Evil. O jogo estará vindo junto com Resident Evil Village no dia 7 de maio de 2021 para PlayStation 4 e Xbox One. Os jogadores de PlayStation 5 e Xbox Series X|S, poderão jogar o game via retrocompatibilidade. Esse modo online permite que os fãs assumam o controle de seus personagens preferidos batalhando em partidas de mata-mata de 5min, cada um com habilidades específicas, e quando seu personagem é derrotado, ele retorna como uma arma biológica para se vingar do seu adversário.



Mais uma vez, a Capcom está apostando em multiplayer para a franquia e Re:Verse vem logo depois de Resident Evil Resistance, lançado em abril do ano passado junto com Resident Evil 3. Eu me questiono bastante de qual é a grande razão da Capcom estar querendo tanto implantar multiplayers assim na franquia, mas sou do tipo otimista e que se o jogo é bom, para mim está tranquilo. Infelizmente, esse não é o caso de Resident Evil Re:Verse. A minha primeira experiência com o jogo não me causou boas impressões por ser um jogo muito vago e sem uma premissa boa definida. Em contrapartida, o jogo até oferece alguns momentos de diversão e caso seja melhorado em alguns aspectos, pode até se tornar um jogo de passa-tempo interessante.


GAMEPLAY

Eu nunca fui muito fã de multiplayer PvP, jogo apenas um multiplayer desse tipo com uma certa frequência (e não sou nem um pouco bom), que é o multiplayer de Uncharted 4: A Thief's End. Acho que, na verdade, esse formato de mata-mata não combina nem um pouco com Resident Evil e acredito que essa seja a razão para jogos como Resident Evil Operation Raccoon City e Umbrella Corps não terem dado tão certo. Desenvolvendo melhor, Operation Raccoon City até tinha uma campanha, não-canônica, onde você podia jogar online com outros jogadores para sobreviver às hordas de zumbis em Raccoon City, apenas os modos online dele que não me satisfaziam. Já Umbrella Corps, apesar de ter aquele modo "O Experimento", que a princípio é canônico, tinha o foco total no PvP e uma gameplay muito confusa e insatisfatória.



Resident Evil Re:Verse é 100% mata-mata, nem tem conceito de história e isso que me fez questionar muito qual a premissa do jogo. Ainda vou falar bastante sobre Resident Evil Resistance que foi o último multiplayer antes de Re:Verse, mas o Resistance tinha ainda uma premissa de você se sentir uma cobaia de experimento e se juntar a amigos ou outros colegas para sobreviver a hordas de zumbis e monstros. Seu conceito era muito interessante. Já o Re:Verse, os nossos personagens preferidos estão se matando em tiroteios ao meio de cenários clássicos (no caso dessa beta, temos somente o mapa da RPD). E se a premissa desse jogo era apenas "diversão", não acho que seria uma forma certa de comemorar o aniversário de 25 anos da franquia.


A gameplay é um pouco confusa, mas pelo menos não chega a ser tão frenética como a de Umbrella Corps. A jogabilidade é bem parecida com a de Resident Evil 3. Jill Valentine e Claire Redfield andam da mesma forma e movimentam-se como Jill em Resident Evil 3, enquanto Chris Redfield e Hunk tem os mesmos movimentos de Carlos Oliveira. Leon S. Kennedy e Ada Wong são os únicos personagens que mantiveram sua jogabilidade (movimentos e forma de andar) como visto em Resident Evil 2. Algo muito curioso é que Ada possui, em Re:Verse, sua famosa besta e tem habilidades bem semelhantes de Resident Evil 6 onde espiã pode saltar para dar um tiro rápido da besta. Já Leon pode dar um chute bem parecido com o que ele dá em Resident Evil 4 ao desnortear um inimigo. Me fez perguntar se já seria um teste para mecânicas em um remake de Resident Evil 4 como muitos rumores afirmam. Não que essas mecânicas serão iguais como estão em Re:Verse, mas algo parecido e melhorado.



No geral, os controles são até tranquilos, mas fiquei um pouco perdido nas primeiras partidas porque diferentemente dos últimos games lançados, o personagem corre sem precisar apertar o analógico. Fiquei apertando toda hora o L3 e X para pegar itens, sendo que em Re:Verse, o X faz com que o personagem esquive. Basta você passar perto dos itens do cenário que seu personagem já pegará eles, mas ainda assim, demora um pouco para você se acostumar, ainda mais depois de ter jogado tanto Resident Evil 7, Resident Evil 2 e Resident Evil 3. Nas primeiras partidas, meu personagem ficou igual um doido esquivando toda hora.


O personagem já começa com uma pistola e uma arma que varia de personagem para personagem. A pistola tem munição infinita enquanto sua arma de cano-longo precisa de munição. Falando sobre os itens, no cenário são distribuídos múltiplos recursos para lhe ajudar na partida: armas mais fortes, ervas, munição e frascos virais. O "life" do seu personagem varia, e no caso, a mais resistente é Claire. Como joguei a maioria das partidas de Jill, eu era derrotado muito fácil, mas de vez em quando, conseguia fugir das chamadas "matanças" e achava rapidinho duas ervas que me deixavam de novo no 'Fine'. Ainda sobre os itens, como dito antes, é possível encontrar outras armas no cenário, mas por incrível que pareça, eu não as usava muito, pois para mim era bem mais difícil acertar tiro com elas do que com a minha arma normal. Os tiros de grenade launcher principalmente demoram bastante e seu adversário pode facilmente esquivar do ataque. Por isso, preferi ficar usando mais a minha metralhadora e caçar munição pelo mapa.



Antes de falar sobre os frascos virais, também vou comentar sobre as habilidades específicas de cada personagem. São essas habilidades que fazem uma total diferença nas batalhas. Ada por exemplo tem o tiro rápido com a besta e a flecha explosiva; Leon tem o chute e pode usar duas pistolas por tempo determinado; Jill pode plantar minas e usar a faca de fogo de Resident Evil 3; Claire pode usar granadas de choque e injetar-se com adrenalina para recuperar um pouco de life; Hunk pode dar um ataque rápido com sua faca e usar uma camuflagem por tempo indeterminado; e Chris pode usar a manopla de End of Zoe para fazer um golpe poderoso além de ativar uma outra habilidade que, por um tempo determinado, reduz a quantidade de dano recebida.



Sobre os frascos virais, você pode pegar no máximo 2 e para minha surpresa, eles são a chave para a vitória. Quando seu personagem é derrotado, ele volta como uma arma biológica. A B.O.W. varia de acordo com o número dos frascos:

0 frascos virais - Mofado
1 frasco viral - Hunter y (Gamma) ou Jack Baker
2 frascos virais - Super Tyrant (modelo T-103 / Mr. X) ou Nemesis T-Type


Como uma B.O.W., você pode continuar suas matanças, mas caso você consiga matar o adversário que te derrotou antes, seja ele como um sobrevivente ou como uma B.O.W., você recebe uma quantia significativa de pontos, essa sendo a "Vingança". Uma parte muito legal de Re:Verse é justamente controlar as armas biológicas. Assumir o controle principalmente de Jack Baker, Nemesis e Super Tyrant é uma experiência bem divertida. O mofado e o Hunter Gamma para mim não são tão legais de jogar, mas eu dei muitas risadas quando me transformava nesses dois e saia como uma "mini-ameaça" no meio de uma guerra entre gigantes.



Em um contexto geral, eu diria que a gameplay proporciona momentos divertidos e de risadas, o que é muito positivo. Porém, reforço que mesmo com esses elementos, ela ainda é confusa, meio desconfortável e um pouco difícil de se acostumar, especialmente para os fãs mais voltados ao survival horror. A temática do mata-mata, com certeza, não vai entregar uma premissa muito boa para os fãs.


GRÁFICOS E SOM

Resident Evil Re:Verse é feito na RE Engine assim como RE7, RE2, RE3, Resistance e Devil May Cry 5 (e futuramente, Resident Evil Village). Entretanto, assim como em Resident Evil Resistance, o jogo não segue com os melhores gráficos possíveis justamente pelo seu melhor desempenho. Em minha análise de Resident Evil Resistance, apontei que nos modelos dos personagens e texturas do cenário não são tão bem elaborados como em Resident Evil 2 e Resident Evil 3. Mas é totalmente entendível já que se trata de um jogo online. É admirável ver um jogo na RE Engine online e nesse contexto achava o Resistance muito bom com isso. Já em Re:Verse, os gráficos parecem ainda menos elaborados, o que talvez resulte em uma gameplay mais rápida e menos bugada (ainda vamos falar melhor sobre isso).



Algo interessante também é que a Capcom colocou no jogo um filtro de gibi. Quando vi o trailer de Re:Verse pela primeira vez, achei até legal essa inspiração no mundo das HQs. Mas ao jogar minha primeira partida, fiquei bem incomodado e não me senti nem um pouco confortável jogando com esse filtro. Felizmente, há a opção de tirar e jogar com os gráficos normais. Em compensação, fica muito escuro, assim precisando ajustar o brilho nas opções.


O som é um ponto meio positivo do jogo e foi até bem trabalhado considerando que Re:Verse foca no conceito do mata-mata. Apesar dos grandes erros do Resistance, eu sou apaixonado por toda a parte sonora do jogo (efeitos sonoros, design de som, trilha sonora) que auxiliava bastante na imersão. Já em Re:Verse é uma coisa um pouco mais básica. Os efeitos sonoros foram bem trabalhados, a trilha sonora até que é legal, porém em um contexto geral, não é algo de se impressionar tanto, até porque foram sons reutilizados de RE7, RE2 e RE3. Você consegue ouvir tiros de longe, assim tendo uma noção de onde está acontecendo uma certa batalha e ouvir os efeitos das armas biológicas para ficar em alerta. Fiquei um pouco incomodado com certos sons trocados como por exemplo, os efeitos sonoros do Hunter Beta de Resident Evil 3 foram usados para fazer os sons do Hunter Gamma de Re:Verse, sendo que são criaturas diferentes. Talvez por ter jogado tanto Resident Evil 3, me acostumei com aqueles sons temíveis do Hunter Gamma nos esgotos, e estranhei ver essa criatura morrendo com o som de um Hunter Beta.


Resumindo a parte de gráficos e sons: são bons, mas nada tão impressionante. O grande diferencial dessa parte seria o filtro de gibi, mas que particularmente, deixou a minha gameplay mais confusa e desconfortável, sendo necessário retirar o filtro. Ainda bem que tem essa opção, aliás!


CONEXÃO E SERVIDORES

Não sei se são tantas manutenções que a Capcom está fazendo nessa beta ou também, como disse antes, os gráficos mais simplificados, porém dessa vez, não precisamos esperar minutos e minutos para encontrar uma partida. Pelo menos comigo, as partidas carregavam em até 1 ou 2 minutos. Lembro-me que para jogar uma partida na beta fechada de Resistance, demorava quase 10 minutos. No próprio jogo normal, também demorava bastante encontrar jogadores.



Mas nem tudo é um mar de rosas. Não presenciei bugs tão loucos como os de Resistance em Re:Verse, entretanto, várias vezes eu atirava em adversário e os tiros não pegavam ou então eu estava atrás de uma parede e sofria dano que vinha do além e o mais comum, controlando as armas biológicas, fazia ataques em sobreviventes que não davam dano. Acredito que sejam problemas na conexão entre os jogadores. Isso quer dizer que o jogo fica ruim? Não! Pois é preferível esses bugs pequenos acontecerem a bugs maiores como em Resistance. No multiplayer de Resident Evil 3, regularmente acontecem problemas de conexão e bugs grandes, o que praticamente dava fim a partida já que os sobreviventes morriam muito rápido ou simplesmente um jogador caía da sala. De certa forma, é algo a ser ainda um pouco mais trabalhado, mas que não me deu tantos problemas quanto em Resistance.


POTENCIAL

Quando testei a beta fechada de Resistance, ainda não tinha a confirmação dele ser um modo extra de Resident Evil 3. Acreditava que ele teria sua própria campanha (e não estava me referindo a RE3 ainda) e tanto essa campanha quanto o multiplayer tinham potencial. Já em Resident Evil Re:Verse, não vi muito potencial para o jogo, nem mesmo como um presente de comemoração dos 25 anos da franquia.


Pois ao contrário de Resistance, Re:Verse é um jogo mais vago e sua premissa parece ser muito simples, apenas de colocar os fãs controlando personagens clássicos batalhando entre si em partidas confusas e sem muita essência de Resident Evil. É diferente de Resistance que apesar de estar voltado para o multiplayer, tinha um conceito bem interessante de colocar o jogador como uma cobaia de experimentos ou como a mente que opera os experimentos. Em Resistance, você não só se sentia como um rato de laboratório, como também um sobrevivente que contava com seus companheiros para SOBREVIVER a ataques de monstros. A palavra "sobrevivência" não se aplica de forma tão eficiente em Re:Verse, sendo que é um elemento clássico de Resident Evil, você construir e aplicar estratégias para sobreviver a horrores.


Como o Resident Evil Re:Verse poderia então se tornar um jogo mais interessante? Acredito que adicionar mais modos além de mata-mata seria muito positivo. Como disse, todo o conceito do mata-mata não se encaixa muito na essência de Resident Evil. Um modo cooperativo para sobreviver a hordas de armas biológicas seria bem melhor, algo até parecido com Mercenaries. Inclusive, algo nesse formato poderia até mesmo compensar a falta de modos extras em Resident Evil 2 e Resident Evil 3. Elementos de customização como skins, acessórios de arma, filtros etc também com certeza poderia deixar o jogo mais divertido.


Outra alternativa para comemorar o aniversário de 25 anos da série, ainda em questão de multiplayer, seria dar upgrade em Resistance. Como disse antes, acho o conceito do Resistance muito bom e o que estragou o jogo para mim foi a falta de equilíbrio entre os masterminds e sobreviventes e os constantes bugs ou problemas de conexão que existem nas partidas. Leia aqui a nossa análise de Resident Evil Resistance. Se arrumassem esses problemas, com certeza poderia se tornar uma forma alternativa de comemorar esses 25 anos.


E saindo agora do universo de multiplayer, acho que a melhor forma de comemorar uma marca tão grande seria relançar jogos clássicos. Não digo apenas a trilogia clássica, mas também Resident Evil Survivor, Resident Evil Outbreak, Resident Evil Outbreak File #2, Resident Evil Dead Aim etc. Com certeza faria muito sucesso visto que as remasterizações de Resident Evil e Resident Evil 0 e os remakes de Resident Evil 2 e Resident Evil 3 fizeram.


RESUMÃO

Resident Evil Re:Verse definitivamente não é a melhor forma de comemorar o aniversário de 25 anos da franquia e tem uma premissa vaga. O multiplayer tem uma gameplay confusa e, até certo nível, desconfortável. Entretanto, pode até ficar divertido conforme você se acostuma com a jogatina, principalmente por controlar personagens e monstros famosos da franquia. Seria interessante a Capcom adicionar mais modos além de mata-mata para que o jogo se tornasse uma obra mais interessante e com vida-útil mais longa. Não só mais modos, como também elementos de customização como skins, outras armas e acessórios. A forma que Resident Evil Re:Verse se apresentou não causa grande impacto.


NOTA FINAL: 4,0 / 10